domingo, 26 de fevereiro de 2012

Felizes as pessoas que têm algo a contar, pois elas não se
deixarão brutalizar pelo consumismo, pela futilidade, pela pobreza de experiência.

Walter Benjamin

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Escrevendo a várias mãos

Uma das atividades do Nhemaria neste início de ano foi repensar sua trajetória até agora para formular o que queremos daqui pra adiante. Este trabalho culminou em um projeto lindo, com parceiros incríveis, onde conseguimos nos entender um pouco mais e formalizar em palavras muitos dos nossos desejos e questões a serem respondidas através do nosso trabalho artístico em 2012.

Nosso projeto para este ano, além da estréia do nosso primeiro espetáculo infantil, Pé de Moleque, consiste em nos aprofundarmos na nossa linguagem, a do playback theatre, conhecendo suas origens e influencias para podermos subverte-la em alguns de seus aspectos, contemporaneisando-a. Uma das nossas grandes questões a ser respondida neste ano é: "como dialetizar as histórias que colhemos em cada espetáculo, ampliando as camadas de compreensão de nossas experiências de vida?"

A dificuldade de um grupo novo ser contemplado por qualquer edital é grande, sabemos, mas a cada investida parece que nossos parceiros se aproximam mais, e novos parceiros passam a conhecer nosso trabalho fortalecendo a nossa meta final: a de criar histórias potentes, histórias que transformem, que movimentem, que ampliem nossa consciência, que embelezem a vida.
Fica aqui um agradecimento do nhemaria para todos aqueles que acreditaram neste nosso sonho assinando em baixo, literalmente, neste nosso projeto.

Bom carnaval pra todos!


Nhemaria

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Pinheirinho

Indignadas com a violência e a desumanidade da reintegração de posse do Pinheirinho, as meninas do Grupo Nhemaria foram hoje visitar um dos abrigos onde estão alojadas, em condições precárias, as pessoas que perderam suas casas.
Foi chocante o que vimos, a situação em que as pessoas estão vivendo. Entre outros absurdos que ficamos sabendo ao longo do dia, fomos alertadas para não entregar diretamente no abrigo nossos donativos, porque os funcionários da prefeitura estavam recolhendo o que entrava, impedindo que chegasse às pessoas ali, para quem falta tudo.
Chegando lá, fizemos o que sabíamos fazer: reunimos as crianças, elas nos contaram histórias e nós encenamos pra elas... Foi um momento muito bonito... Se a polícia lhes roubou as casas, não lhes roubou as histórias: vimos que a força de vida e a vontade de continuar são muito maiores que qualquer tragédia, apesar de tudo.
Algumas fotos:
O Grupo Nhemaria apoia a Moção de Repúdio ao que aconteceu em Pinheirinho:


Moção de repúdio dos Trabalhadores da Cultura à política do coturno em Pinheirinho
De um lado, pelo menos 1.600 famílias que lutam pelo direito de morar no bairro do Pinheirinho, em São José dos Campos (SP), ocupação que tem oito anos de existência. Do outro, mais de 2.000 policiais militares e civis cumprindo ordens da Justiça Estadual e da Prefeitura de São José dos Campos, em favor da massa falida da empresa Selecta, pertencente ao mega-especulador Naji Nahas. Ainda que não houvesse outras circunstâncias agravantes no caso, já seria possível constatar que as instâncias dos poderes executivo e judiciário fizeram a opção, em Pinheirinho, pela lei que protege a especulação imobiliária, em detrimento do direito das pessoas à moradia. Vence mais uma vez a política do coturno em prol do capital. De um lado, bombas, armas, gases, helicópteros, tropa de choque. Do outro, dois revólveres apre endidos. Não há notícia de que tenham sido usados. Uma praça de guerra é instalada - numa batalha em que um exército ataca civil. Não há plano de realocação das famílias. As que não conseguiram ou não quiseram fugir, ou receberam dinheiro para passagens para outras cidades, ou estão sendo mantidas cercadas, com comida racionada, como num campo de concentração. A imprensa não pode entrar no local, não pode fazer entrevistas, e os hospitais da região não podem informar sobre mortos e feridos. O que se quer esconder?O Governo do Estado lavou as mãos diante do caso, assim como o Superior Tribunal de Justiça. O Governo Federal tardou em agir. A chamada "função social da propriedade", prevista na Constituição Brasileira, revelou-se assim como peça de ficção, justamente onde a ficção não deveria ser permitida. Mais uma vez, o Estado assume o papel de "testa de ferro" para as estripul ias financeiras da "selecta" casta de milionários e bilionários. A política do coturno em prol do capital vem ganhando espaço. Assim está acontecendo na higienização do bairro da Luz, em São Paulo , preparando-o para a especulação imobiliária; assim vem acontecendo na repressão ao movimento estudantil na USP, minando a resistência à privatização do ensino; assim acontece no campo brasileiro há tanto tempo, em defesa do agronegócio. Os exemplos se multiplicam. E não nos parece fato isolado que, hoje, a quase totalidade dos subprefeitos da cidade de São Paulo sejam coronéis da reserva da PM. Nós, trabalhadores artistas, expressamos nosso repúdio veemente a esse tipo de política. Mais 1.600 famílias estão nas ruas: a lei foi cumprida. Para quem?
VÍDEO COM A LEITURA DA MOÇÃO DE REPÚDIO
http://www.youtube.com/watch?v=p2OayXHRfm8&feature=youtu.be